Novas regras nos juros bancários

Constâncio diz que arredondamentos 'eram exagerados'

O governador do Banco de Portugal reconhece que alguns arredondamentos que os bancos estavam a praticar nos contratos de crédito à habitação eram «exagerados» e «careciam de correcção». Constâncio diz que não tinha actuado antes porque o Banco de Portugal não tinha competência definida na matéria.

 

As declarações de Vítor Constâncio foram feitas sábado à noite, no programa televisivo Balanço e Contas, transmitido na Dois. Esta é a primeira vez que o governador do Banco de Portugal comenta a alteração que o Governo aprovou nas práticas de arredondamento, cujas novas regras entram em vigor amanhã.

 

Os bancos passam a ser obrigados a arredondar as taxas de juro do crédito à habitação à milésima, tanto para os contratos novos como para os já existentes. Até agora, alguns bancos praticavam arredondamento para o quarto de ponto percentual superior, o que agravava a prestação face às novas regras.

 

«Algumas das práticas eram exageradas», disse Vítor Constâncio, acrescentando que «careciam de correcção». O governador adiantou que o Banco de Portugal tinha conhecimento desta prática, mas apenas teve noção da dimensão que assumia, depois da reunião que teve com a Sefin, a Associação Portuguesa de Consumidores e Utilizadores de Produtos e Serviços Financeiros, cuja intervenção deu origem a esta correcção.

Apesar de reconhecer a situação, o governador adiantou que esta prática dos bancos tinha «uma expressão mínima». «Convém não exagerar», concluiu.

Governo quer Banco de Portugal com supervisão comportamental

Na mesma entrevista, Vítor Constâncio salientou que o Banco de Portugal «não tinha uma competência legal muito clara sobre esta matéria» e que, por isso, «carece de autorização legislativa para supervisão comportamental».

Constâncio acrescentou que existem agora condições para que esta lacuna seja corrigida. «O Governo garantiu que também está interessado nesta alteração», adiantou Vítor Constâncio. 

marta.m.oliveira@sol.pt

Jornal Sol, domingo 21jan07

O governador do Banco de Portugal critica a prática de alguns bancos nas regras dos arredondamentos e revela que, apesar de conhecer o problema, não tinha ideia da sua dimensão. As novas regras entram em vigor segunda-feira
publicado por AEDA às 17:08 link do post | favorito