Combustíveis - Subida de três cêntimos por litro

Impostos pesam 63,9% na gasolina

Os combustíveis aumentam três cêntimos a partir de segunda-feira, reflectindo a subida do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) decidida pelo Governo e ontem publicada em ‘Diário da República’. O peso da carga fiscal (ISP+IVA) sobre a gasolina é já de 63,9%. Isto significa que, numa factura de dez euros, 6,39 entram directamente nos cofres do Estado.


Por via do aumento do ISP, o gasóleo passa a custar na maior petrolífera portuguesa, a Galp, 1,028 euros, a gasolina sem chumbo 98 passa para 1,318 euros e a gasolina sem chumbo 95 para os 1,253 euros.

Os transportes públicos não vão reflectir este aumento no preço dos títulos, garantiu ao Correio da Manhã fonte do Ministério dos Transportes.

O preço dos combustíveis poderá ainda voltar a subir mais 2,1% caso o Governo decida actualizar o valor da inflação. “É uma hipótese em aberto, não estando ainda decidido se será aplicada a actualização da inflação nem quando”, afirmou ao CM fonte do Ministério das Finanças, recordando que, por exemplo, o “ano passado não foi aplicada”.

Quanto ao aumento do ISP, já estava previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC). Este aumento (2,5 cêntimos) vai ser aplicado também em 2008.

Também ontem o preço do petróleo caiu para os 54,90 dólares o barril (em Nova Iorque), o preço mais baixo desde 14 de Junho de 2005.

PETROLÍFERAS LONGE DA BAIXA DE CUSTO

O preço do barril de petróleo atingiu o máximo de 78,65 dólares no mercado de futuros de Londres, a 10 de Agosto de 2006. Desde então, desceu 41,5 por cento, para 55,59 dólares.

Após o recorde da cotação da matéria-prima em Londres, nos postos de abastecimento da Galp, o litro da gasolina sem chumbo 95 custava 1,388 euros; o litro do gasóleo 1,089 euros. Ontem, a petrolífera portuguesa vendia o litro da gasolina sem chumbo 95 a 1,223 euros e o litro do gasóleo a 0,998 euros.

Ou seja: nos postos da Galp, o custo da gasolina sem chumbo 95 baixou 13,5 por cento; o do gasóleo, 9,12 por cento.

Percentagens idênticas de redução de preço fez a BP para os mencionados combustíveis.

Do que se conclui que as referidas petrolíferas não acompanharam a baixa de custo do preço da fonte energética, existindo um diferencial de 27 por cento.

Conforme declarou ao nosso jornal Jorge Morgado, secretário-geral da Deco, “as descidas de preços das petrolíferas, em Portugal, tardam e não acompanham as dos mercados londrino e nova- -iorquino.” Isto porque “não existe concorrência benéfica ao consumidor.”

CONSEQUÊNCIAS

RECEITAS

A subida de 2,5 cêntimos por litro vai significar um aumento de receita em ISP de 140 milhões de euros em 2007 e de 275 milhões em 2008. Em 2006, o Governo arrecadou 2801,1 milhões de euros.

AVIAÇÃO

A Sata começa a aplicar, a partir de segunda-feira, uma sobretaxa de combustível de cinco euros por percurso nas ligações entre os Açores, Madeira e o Continente. Ida e volta soma dez euros.

ESPANHA

O fosso em Portugal e Espanha nos combustíveis volta a agravar-se com este aumento dos preços. Em Espanha, o peso dos impostos fica-se pelos 50 por cento, mais de dez por cento de diferença.

Raquel Oliveira


in Correio da Manhã

» Artigos Relacionados
publicado por AEDA às 20:35 link do post | favorito