Afinsa/Fraude

Mercado português de leilões vai ser afectado considera especialista

O leiloeiro Paulo Dias, um dos maiores do sector em Portugal, considerou hoje que o mercado português de leilões filatélico vai ser negativamente afectado, no prazo de um mês, pelas notícias sobre o encerramento da empresa Afinsa.

"Acredito que pode haver algum impacto negativo no mercado filatélico, no prazo de um mês, devido a uma certa prudência por parte dos clientes menos esclarecidos e enquanto as notícias sobre este assunto não forem suficientemente esclarecedoras", explicou.

Na terça-feira foram detidas em várias cidades espanholas nove pessoas, entre as quais dois portugueses, durante uma operação contra crimes económicos alegadamente cometidos pela empresa Afinsa e pelo Fórum Filatélico.

No mercado filatélico há três leiloeiras colectadas, as quais fazem entre 2 e 3 milhões de euros por ano, disse Paulo Dias, especialista filatélico da Leilões P. Dias.

A Afinsa e o Fórum Filatélico usavam os selos, como activos tangíveis, para captarem a poupança de pequenos aforradores que investiam a troco de uma remuneração garantida superior à proporcionada pelos produtos do sistema financeiro.

Segundo Paulo Dias, "a actividade da Afinsa e do Fórum Filatélico nada tem de semelhante com o negócio de filatelia das leiloeiras [ou mesmo do comércio filatélico], em que o coleccionador e/ou o cliente está integrado num mercado directo".

"Jamais o objectivo do coleccionador e/ou do cliente é o de investir para obter uma remuneração especulativa de curto prazo, mas comprar um bem tangível [selo] que também é cultural e artístico", explicou.

Em Portugal, a actividade das três leiloeiras portuguesas colectadas com actividade filatélica, tem a ver com a aquisição de selos, no sentido do "puro filatelismo", sublinhou.

"É lamentável que estas entidades [que presumivelmente cometeram fraude] tenham supervalorizado os selos, porque também eram editores de catálogo, aumentando o seu valor como lhes convinha", disse Paulo Dias.

No caso das leiloeiras portuguesas "nada disto é possível fazer, pois não há movimento directo sobre o objecto, o selo", frisou.

Embora esta situação "não seja favorável", Paulo Dias admitiu "não ter receio por causa do efeito temporário que este caso de fraude poderá ter no mercado filatélico".

"A filatelia tem vindo a registar um número crescente de aderentes, estamos perante um mercado sólido e forte e mais tarde quem compra selos sabe que pode vir a ter um retorno face ao valor da compra inicial".

No entanto, "nunca poderemos dar uma garantia de retorno. O que podemos dizer ao coleccionador é que a médio/longo prazo, quando e se entender desfazer-se dos selos, estes apresentam um forte potencial de valorização".

Adiantou que em Portugal a época e a colecção de selos do período clássico até à República são os que apresentam maior valorização, na ordem dos 6%, e que a Afinsa operava com base na época moderna, anos 40/50, em que a valorização é muito pequena, devido à raridade e à quantidade existentes.

DE com Lusa

2006-05-10

publicado por AEDA às 01:56 link do post | favorito