Pelo menos dez empresas, algumas das quais com agências em Portugal, estão neste momento a recrutar para países europeus, Canadá e Arábia, neste caso a troco de salários milionários.
Oferecem-se três mil euros de salário livre de impostos, casa, serviços médicos e voos gratuitos, 64 dias de férias por ano. A oferta de trabalho da ProfCo, para a Arábia Saudita, destina-se a enfermeiros portugueses e é uma das muitas que se encontram nos portais de emprego, anúncios de jornal e fóruns dedicados à profissão. Só entre as empresas contactadas pelo DN foram ou vão ser colocados mais de 500 enfermeiros, entre 2008 e 2010. E a tendência é para o recrutamento aumentar.
A Professional Connections, com sede na Finlândia, é uma das maiores recrutadoras para o Reino Unido e está agora à procura de portugueses para colocar na Arábia Saudita (ver texto ao lado). Em 2010, e apesar de ainda não haver dados muito específicos, pensam contratar "pelo menos cem enfermeiros portugueses", refere ao DN Ann Griffin, gestora da empresa. Habitualmente, estes hospitais recorriam a países escandinavos, à Irlanda, Inglaterra "porque o inglês era melhor e estavam mais abertos ao recrutamento, o que agora já é mais difícil".
A Prof Co, que admite contratar para os hospitais de Londres, não é caso único. Há cada vez mais unidades hospitalares estrangeiras a contratar enfermeiros portugueses, especialmente para destinos como o Reino Unido, Bélgica, França, Canadá ou Arábia Saudita.
As condições são muito apelativas, especialmente quando há milhares de enfermeiros desempregados ou em condições precárias. Há sobretudo interesse em recrutar enfermeiros especializados, em áreas como a saúde materna, cuidados intensivos, cardiologia, entre outros, mas aos recém-licenciados as empresas também não recusam trabalho.
A CLR Healthjob, empresa que tem sócios espanhóis mas também um português, Ricardo Damas, está também interessada neste mercado. "Contratámos quinze profissionais em 2008, mas para ir para hospitais da zona de Barcelona. Mais tarde contratámos mais cinco para Madrid", refere. Entretanto, o mercado espanhol fechou e a empresa começou a investir noutros mercados, como o londrino. "Neste momento estamos a recrutar enfermeiros para Londres. Perspectivamos contratar 40 enfermeiros nesta primeira fase, para integrar em meados de Dezembro, e depois, mensalmente, recrutar quatro a seis", conta.
Liliana Rodrigues, consultora inglesa da HCL International, conta ao DN que "desde 2008, já foram trabalhar para o Reino Unido mais de 150 portugueses". Com inúmeros clientes, públicos e privados, a empresa está sempre a recrutar, especialmente se os recursos forem especializados.
A Best Personnel Limited, com agência em Portugal, está agora a recrutar 50 enfermeiros para o Reino Unido, mas admite querer empregar "mais de cem portugueses para o Canadá", onde pagam em média 55 mil dólares por ano, segundo Sylwia Markiewics. Outras empresas enchem os portais de emprego, como o da Contexte Médical ou o da Moving People.
In DN