Branqueamento de capitais: processo veio de Barcelos
Economia
2005-10-23 - 00:00:00
Branqueamento de capitais: processo veio de Barcelos
Escutas telefónicas sustentam operação
A Polícia Judiciária acolheu, ao longo das últimas semanas, nas suas instalações, equipas de inspectores tributários que acompanharam com a PJ todas as escutas telefónicas, em tempo real, a administradores das instituições bancárias investigadas, tal como a advogados igualmente suspeitos de colaboração com branqueamento de capitais e ainda de fuga ao Fisco.
José Gageiro
Escutas telefónicas feitas na directoria da Polícia Judiciária do Porto foram decisivas para a operação
O sector de informática da PJ está a fazer peritagens aos documentos já apreendidos durante a semana, para detectarem eventuais apagamentos de dados dos sistemas informáticos, o que sendo uma rotina neste tipo de casos, se tornou imperioso em face da fuga de informação possibilitada com a exibição de mandados, pelos magistrados do Ministério Público, a advogados de bancos que ainda não tinham sido visados pela operação, com o final previsto já para amanhã.
O processo, aberto o ano passado no Ministério Público, em Barcelos, com número 482/04.1TABCL, deu lugar à megaoperação a que foi dado o nome de código Furacão, sob a coordenação do procurador Rosário Teixeira.
Com base num protocolo entre a PJ e a Inspecção-Geral das Finanças, brigadas mistas, de inspectores da Polícia Judiciária e do Fisco, fizeram escutas telefónicas, em regime de 24 horas consecutivas, nas instalações da Directoria da PJ do Porto, tendo o núcleo base três elementos oriundos das Finanças de Braga e entre eles uma inspectora tributária. O pessoal do Serviço de Inspecção do Porto foi apoiando os colegas de Braga até se chegar às informações necessárias, de modo a avançar para o terreno, a partir de Lisboa, desde segunda-feira.
Na base da componente policial da operação Furacão, despoletada pelas Finanças, está a mesma equipa que conduziu o processo do Apito Dourado, sob a liderança de Edite Dias, uma jovem jurista que antes de ser coordenadora da PJ foi freira. Só que, ao contrário do caso do futebol, houve o acompanhamento total do actual director da PJ do Porto, Vítor da Silva Guimarães, que se envolveu muito para o êxito das investigações.
O MAGISTRADO TITULAR DO CASO
Rosário Teixeira, o procurador da República que coordena o caso, antecedeu Maria José Morgado na direcção da Polícia Judiciária. Jorge Humberto Gil Moreira do Rosário Teixeira, de 43 anos, é procurador há quatro anos.
Era ele o responsável pelo combate ao crime económico na PJ, ainda procurador-adjunto, a convite de Fernando Negrão, que o conhecia do Tribunal da Boa-Hora. Gosta de andar com os inspectores da PJ no terreno, como sucedeu no caso BES/Portucale, nas Lezírias.
Joaquim Gomes, Porto